quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Eleições 2010: entrevista com pré-candidata do "PT" - Ministra Dilma Rousseff - no 'Jornal Folha de S.Paulo' !





Dilma Rousseff
(Foto de Sérgio Lima/Folha Imagem )


"Só tupiniquim usa tese falida
do Estado mínimo", diz Dilma

Para ministra, quem defende mercado como
solução para tudo está "contra a realidade'

Petista diz que Lula "não pode dar uma opiniãozinha que é intervencionista", mas aceita rótulo de que governo é "nacionalista e estatizante"

VALDO CRUZ

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Candidata à Presidência em 2010, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) diz que o Estado mínimo é uma "tese falida", que "só os tupiniquins" aplicam. Em sua opinião, quem defendia que o mercado solucionava tudo "está contra a corrente" e "contra a realidade". Principal auxiliar do presidente Lula, escolhida por ele para ser a candidata à sua sucessão, Dilma sai em defesa do chefe diante das críticas de que ele adotou uma política "intervencionista e estatizante". "Os empresários podem falar o que quiserem, que é democrático. O presidente da República não pode dar uma opiniãozinha que é intervencionista. Diríamos assim, não é justo", protestou Dilma, num tom exaltado, em entrevista à Folha, na última quinta-feira, em seu gabinete, todo ornamentado com imagens de santos. Bem-humorada, a ministra afirmou não aceitar a pecha de "intervencionista", mas não escondeu o sorriso ao dizer que "aceita" e "concorda" que o governo Lula seja classificado de nacionalista e estatizante."Esse país não pode ter vergonha mais de ser patriota" ou "que história é essa de nacionalista ser xingamento?" foram algumas de suas frases, sinalizando o tom que os petistas devem usar na disputa de 2010. Apesar de refutar a classificação de intervencionista, ela, a exemplo de Lula, cobra da Vale, uma empresa privada, maior compromisso com o país. "É uma empresa privada delicada", que não pode sair por aí "explorando recursos naturais do país e não devolver nada".

FOLHA - O ex-presidente FHC disse que é preciso fazer um país mais aberto, não ter uma pessoa só que manda, porque hoje parece que o Brasil depende de um homem só. O que a sra. acha?


DILMA ROUSSEFF - A quem ele está se referindo?

FOLHA - Ao presidente Lula.
DILMA - Se você acha isso, eu não tenho certeza. Se tem um presidente democrático, é o presidente Lula. Agora, ele jamais abrirá mão de suas obrigações. Entre as obrigações está mandar algumas coisas. Por exemplo, fazer o Bolsa Família. Ele mandou que não fizéssemos aventura nenhuma com a taxa de inflação.

FOLHA - A declaração de FHC embute a análise de que no governo Lula houve uma maior intervenção na economia, nas estatais, na vida das empresas.

DILMA - Tinha gente torcendo para ficarmos de braços cruzados na crise. Diziam: "o governo Lula sempre deu certo, mas nunca enfrentou uma crise internacional". Apareceu a maior crise dos últimos tempos, que estamos superando. Eu acho que quem defendia que o mercado solucionava tudo, o mercado provê, é capaz de legislar e garantir, está contra a corrente e contra a realidade. O que se viu no mundo nos últimos tempos é que a tese do Estado mínimo é uma tese falida, ninguém aplica, só os tupiniquins. Nós somos extremamente a favor do Estado que induz o crescimento, o desenvolvimento, que planeja.

FOLHA - Pela declaração do ex-presidente, a sra. avalia que eles não teriam seguido a mesma receita de vocês nessa crise?

DILMA - Eu não gosto de polemizar com um presidente, porque ele tem outro patamar. Agora, os que apostam e ficam numa discussão, que, além de enfadonha, é estéril, de que há uma oposição entre iniciativa privada e governo, gostam de discussão fundamentalista. É primário ficar nessa discussão de que o governo, para não ser chamado de intervencionista, seja um governo omisso, de braços cruzados, que não se interessa por resolver as questões da pobreza nem do desenvolvimento econômico.

FOLHA - Essa maior interferência do governo não levou a uma visão estatizante da economia e a um discurso eleitoreiro, como no pré-sal?

DILMA - As acusações são eleitoreiro, estatizante, intervencionista e nacionalista. Tem algumas que a gente aceita. Nacionalista a gente aceita. Esse país não pode ter vergonha mais de ser patriota. Eu não vi um americano ter vergonha de ser patriota, nunca vi um francês. Que história é essa de nacionalista ser xingamento?

FOLHA - Nacionalista vocês aceitam. E estatizante?

DILMA - Se é o aumento da capacidade de planejar o país, de ter parcerias com o setor privado, de o Estado ter se tornado o indutor do desenvolvimento, concordo.

FOLHA - Intervencionista?

DILMA - Não somos.

FOLHA - Mas eleitoreiro?

DILMA - Não. Sabemos que quem não tem projeto vai achar tudo eleitoreiro.

FOLHA - Quando o presidente pressiona um dirigente de empresa privada, como Roger Agnelli, da Vale, não é uma ingerência indevida?

DILMA - Você acha certo exportar minério de ferro e importar produtos siderúrgicos? Ela é uma empresa privada delicada. Porque ela está explorando recursos naturais do Brasil. Você não pode sair por aí explorando os recursos naturais e não devolver nada. O presidente ficou chocado com empresas que demitiram bastante na crise sem ter consideração pelos empregos do país.

FOLHA - Isso representa prejuízo para uma empresa privada.

DILMA - Não se trata de prejuízo, se trata do tamanho do lucro, a mesma coisa da Petrobras. O que vale para a Petrobras vale para a Vale. A preocupação com a riqueza nacional é uma obrigação do governo. Eu não acho que o presidente foi lá interferir na Vale. O presidente manifestou, assim como muitas vezes os empresários manifestam, seu descontentamento, e não implica uma interferência, a gente tem de democraticamente aceitar as observações, ser capaz inclusive de aprender com críticas. Por que o presidente não pode falar?

FOLHA - A sra. acha que uma empresa privada tem de abrir mão de uma parte do lucro...

DILMA - Não estou discutindo isso. Estou discutindo é que ela, assim como a Petrobras, nem sempre pode. Se a Petrobras quiser o lucro dela só, vai fazer uma coisa monotônica.

FOLHA - O presidente pensou em tirar o Agnelli da Vale?

DILMA - Que eu saiba não. Ele não tem poder para isso. Como você disse, é uma empresa privada. O que ele fez foi externar seu descontentamento com a forma que demitiram gente. Ele não fez só para a Vale. Eu acho interessante essa história, os empresários podem falar o que quiserem que é democrático, o presidente não pode dar uma opiniãozinha que é intervencionista. Isso, diríamos assim, não é justo.

FOLHA - Durante o governo houve um grande processo de fusões de empresas no Brasil. Deu-se por um estímulo direto do governo Lula?

DILMA - São sinais dos tempos. Não tem nada de artificial. Ninguém falou "eu vou ali criar uma empresa fortíssima". As empresas estavam maduras. As que não se fundiram aqui compraram coisas lá fora.

FOLHA - A sra. defende um Banco Central independente, por lei?

DILMA - Não acho que seja necessário isso. Não vejo nenhum motivo para criar esse tipo de problema agora no Brasil, abrir esse tipo de discussão.

Eleições 2010: entrevista com pré-candidata do "PT" - Ministra Dilma Rousseff - no 'Jornal Folha de S.Paulo' !





Dilma Rousseff
(Foto de Sérgio Lima/Folha Imagem )


"Só tupiniquim usa tese falida
do Estado mínimo", diz Dilma

Para ministra, quem defende mercado como
solução para tudo está "contra a realidade'

Petista diz que Lula "não pode dar uma opiniãozinha que é intervencionista", mas aceita rótulo de que governo é "nacionalista e estatizante"

VALDO CRUZ

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Candidata à Presidência em 2010, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) diz que o Estado mínimo é uma "tese falida", que "só os tupiniquins" aplicam. Em sua opinião, quem defendia que o mercado solucionava tudo "está contra a corrente" e "contra a realidade". Principal auxiliar do presidente Lula, escolhida por ele para ser a candidata à sua sucessão, Dilma sai em defesa do chefe diante das críticas de que ele adotou uma política "intervencionista e estatizante". "Os empresários podem falar o que quiserem, que é democrático. O presidente da República não pode dar uma opiniãozinha que é intervencionista. Diríamos assim, não é justo", protestou Dilma, num tom exaltado, em entrevista à Folha, na última quinta-feira, em seu gabinete, todo ornamentado com imagens de santos. Bem-humorada, a ministra afirmou não aceitar a pecha de "intervencionista", mas não escondeu o sorriso ao dizer que "aceita" e "concorda" que o governo Lula seja classificado de nacionalista e estatizante."Esse país não pode ter vergonha mais de ser patriota" ou "que história é essa de nacionalista ser xingamento?" foram algumas de suas frases, sinalizando o tom que os petistas devem usar na disputa de 2010. Apesar de refutar a classificação de intervencionista, ela, a exemplo de Lula, cobra da Vale, uma empresa privada, maior compromisso com o país. "É uma empresa privada delicada", que não pode sair por aí "explorando recursos naturais do país e não devolver nada".

FOLHA - O ex-presidente FHC disse que é preciso fazer um país mais aberto, não ter uma pessoa só que manda, porque hoje parece que o Brasil depende de um homem só. O que a sra. acha?


DILMA ROUSSEFF - A quem ele está se referindo?

FOLHA - Ao presidente Lula.
DILMA - Se você acha isso, eu não tenho certeza. Se tem um presidente democrático, é o presidente Lula. Agora, ele jamais abrirá mão de suas obrigações. Entre as obrigações está mandar algumas coisas. Por exemplo, fazer o Bolsa Família. Ele mandou que não fizéssemos aventura nenhuma com a taxa de inflação.

FOLHA - A declaração de FHC embute a análise de que no governo Lula houve uma maior intervenção na economia, nas estatais, na vida das empresas.

DILMA - Tinha gente torcendo para ficarmos de braços cruzados na crise. Diziam: "o governo Lula sempre deu certo, mas nunca enfrentou uma crise internacional". Apareceu a maior crise dos últimos tempos, que estamos superando. Eu acho que quem defendia que o mercado solucionava tudo, o mercado provê, é capaz de legislar e garantir, está contra a corrente e contra a realidade. O que se viu no mundo nos últimos tempos é que a tese do Estado mínimo é uma tese falida, ninguém aplica, só os tupiniquins. Nós somos extremamente a favor do Estado que induz o crescimento, o desenvolvimento, que planeja.

FOLHA - Pela declaração do ex-presidente, a sra. avalia que eles não teriam seguido a mesma receita de vocês nessa crise?

DILMA - Eu não gosto de polemizar com um presidente, porque ele tem outro patamar. Agora, os que apostam e ficam numa discussão, que, além de enfadonha, é estéril, de que há uma oposição entre iniciativa privada e governo, gostam de discussão fundamentalista. É primário ficar nessa discussão de que o governo, para não ser chamado de intervencionista, seja um governo omisso, de braços cruzados, que não se interessa por resolver as questões da pobreza nem do desenvolvimento econômico.

FOLHA - Essa maior interferência do governo não levou a uma visão estatizante da economia e a um discurso eleitoreiro, como no pré-sal?

DILMA - As acusações são eleitoreiro, estatizante, intervencionista e nacionalista. Tem algumas que a gente aceita. Nacionalista a gente aceita. Esse país não pode ter vergonha mais de ser patriota. Eu não vi um americano ter vergonha de ser patriota, nunca vi um francês. Que história é essa de nacionalista ser xingamento?

FOLHA - Nacionalista vocês aceitam. E estatizante?

DILMA - Se é o aumento da capacidade de planejar o país, de ter parcerias com o setor privado, de o Estado ter se tornado o indutor do desenvolvimento, concordo.

FOLHA - Intervencionista?

DILMA - Não somos.

FOLHA - Mas eleitoreiro?

DILMA - Não. Sabemos que quem não tem projeto vai achar tudo eleitoreiro.

FOLHA - Quando o presidente pressiona um dirigente de empresa privada, como Roger Agnelli, da Vale, não é uma ingerência indevida?

DILMA - Você acha certo exportar minério de ferro e importar produtos siderúrgicos? Ela é uma empresa privada delicada. Porque ela está explorando recursos naturais do Brasil. Você não pode sair por aí explorando os recursos naturais e não devolver nada. O presidente ficou chocado com empresas que demitiram bastante na crise sem ter consideração pelos empregos do país.

FOLHA - Isso representa prejuízo para uma empresa privada.

DILMA - Não se trata de prejuízo, se trata do tamanho do lucro, a mesma coisa da Petrobras. O que vale para a Petrobras vale para a Vale. A preocupação com a riqueza nacional é uma obrigação do governo. Eu não acho que o presidente foi lá interferir na Vale. O presidente manifestou, assim como muitas vezes os empresários manifestam, seu descontentamento, e não implica uma interferência, a gente tem de democraticamente aceitar as observações, ser capaz inclusive de aprender com críticas. Por que o presidente não pode falar?

FOLHA - A sra. acha que uma empresa privada tem de abrir mão de uma parte do lucro...

DILMA - Não estou discutindo isso. Estou discutindo é que ela, assim como a Petrobras, nem sempre pode. Se a Petrobras quiser o lucro dela só, vai fazer uma coisa monotônica.

FOLHA - O presidente pensou em tirar o Agnelli da Vale?

DILMA - Que eu saiba não. Ele não tem poder para isso. Como você disse, é uma empresa privada. O que ele fez foi externar seu descontentamento com a forma que demitiram gente. Ele não fez só para a Vale. Eu acho interessante essa história, os empresários podem falar o que quiserem que é democrático, o presidente não pode dar uma opiniãozinha que é intervencionista. Isso, diríamos assim, não é justo.

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FOLHA - A sra. defende um Banco Central independente, por lei?

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Taí o competente amigo-poeta-cronista-articulador do renomado "Jornal de Negócios" - SENHOR RENATO FRAGOSO - carinhosamente conhecido como "BRUXO" !!!


O competente amigo-poeta-cronista-articulador do renomado
"Jornal de Negócios", SENHOR RENATO FRAGOSO, carinhosamente conhecido como "BRUXO"

UMA TEMPORADA NO INFERNO

(Variações sobre “UNE SAISON EN EFER” - Arthur Rimbaud)

Ò me perditum!

Quem, afinal, sou eu? Um homem de grandeza permeado por todas as misérias humanas? Ou um pobre miserável com ranhuras de certas grandezas humanas? Um homem de tamanha pequenez? Ou uma pequenez de envergadura humana. Ou uma pequena ilha repleta de escassez?

Quem me anuncia por primeiro? Um anjo torto ou esse demônio cego? Talvez dissesse Paul Claudel como o disse sobre Rimbaud: “Um místico em estado selvagem.” Na verdade, nem Rimbaud, nem Verlaine, nem Rilke, nem Wittiman, mas um boçal, um fulano de tal, um perscruador visceral das profundezas abissais da alma?

Quem me habita, me sacrifica!

Escravisa-me em Áfricas.

Eu vim de parteira. E foi dona Alma, sob a bruxuleante luz de lamparina, que me trouxe esta obstinação de errante. Mas foi com Berthold Brecht que desaprendi os limite das águas: se é a margem que reprime o rio ou o rio que devora a margem.

Em Camões e Pessoa, me apaixonei pela poesia. A poesia é meu alimento diário. Ela é minha concubina e como todas as amantes, é infiel.
Sou eu, que vago como um Tuareg pelo deserto de minhas ausências, sou um mercador do nada a desafiar o sol escaldante e o abutre que espreita minhas entranhas. O Saara decreta minha aridez até eu me transbordar de solidão.

Um poema:

Um Fado
Quando ouço um fado lisboeta,
Algo, por fora me escraviza,
Outro, por dentro, me liberta.
Assim, impreciso, sigo a guisa...

Quando ouço um fado de Amália,
Cospe-me um vulcão à vida insana,
Corta-me, me lanha, me espalha
Ao longe, ao derredor da Taprobana...

Ao ouvir os fados lusitanos,
Vem-me uma augusta dor peninsular,
Enxugo essas lágrimas com teus panos.

Ao ouvir esses fados d’Além Tejo,
Vem-me insopitável desejo,
De navegar muito além d’além mar,
Muito além de mim.

E Baudelaire sentencia: “É necessário estar sempre bêbado. ∕ Tudo se reduz a isso; eis o único problema∕Para não sentirdes o horrível fardo do Tempo, que vos abate e vos faz pender para a terra,∕ é preciso que vos embriagueis sem cessar.∕Mas de quê? De vinho, de poesia ou de virtude, a vossa."


Para se entrar em contato, via E-Mail, com o 'grannnde' RENATO FRAGOSO, o nosso "BRUXO", é muito fácil... basta CLICAR aqui: refrago@gmail.com ou aqui refrago@yahoo.com.br



Uma DICA: leia semanalmente no "Jornal de Negócios" a

sua fenomenal e imperdível coluna!

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O competente amigo-poeta-cronista-articulador do renomado
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UMA TEMPORADA NO INFERNO

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Ò me perditum!

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Quem me anuncia por primeiro? Um anjo torto ou esse demônio cego? Talvez dissesse Paul Claudel como o disse sobre Rimbaud: “Um místico em estado selvagem.” Na verdade, nem Rimbaud, nem Verlaine, nem Rilke, nem Wittiman, mas um boçal, um fulano de tal, um perscruador visceral das profundezas abissais da alma?

Quem me habita, me sacrifica!

Escravisa-me em Áfricas.

Eu vim de parteira. E foi dona Alma, sob a bruxuleante luz de lamparina, que me trouxe esta obstinação de errante. Mas foi com Berthold Brecht que desaprendi os limite das águas: se é a margem que reprime o rio ou o rio que devora a margem.

Em Camões e Pessoa, me apaixonei pela poesia. A poesia é meu alimento diário. Ela é minha concubina e como todas as amantes, é infiel.
Sou eu, que vago como um Tuareg pelo deserto de minhas ausências, sou um mercador do nada a desafiar o sol escaldante e o abutre que espreita minhas entranhas. O Saara decreta minha aridez até eu me transbordar de solidão.

Um poema:

Um Fado
Quando ouço um fado lisboeta,
Algo, por fora me escraviza,
Outro, por dentro, me liberta.
Assim, impreciso, sigo a guisa...

Quando ouço um fado de Amália,
Cospe-me um vulcão à vida insana,
Corta-me, me lanha, me espalha
Ao longe, ao derredor da Taprobana...

Ao ouvir os fados lusitanos,
Vem-me uma augusta dor peninsular,
Enxugo essas lágrimas com teus panos.

Ao ouvir esses fados d’Além Tejo,
Vem-me insopitável desejo,
De navegar muito além d’além mar,
Muito além de mim.

E Baudelaire sentencia: “É necessário estar sempre bêbado. ∕ Tudo se reduz a isso; eis o único problema∕Para não sentirdes o horrível fardo do Tempo, que vos abate e vos faz pender para a terra,∕ é preciso que vos embriagueis sem cessar.∕Mas de quê? De vinho, de poesia ou de virtude, a vossa."


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"TV INTERATIVA" uma REALIDADE em BOM DESPACHO! Temos mais é que PRESTIGIAR! 'Vâmo' nessa que é bom d+


E atenção... VÁ SE ATUALIZANDO DIA-A-DIA... para VER todos os VÍDEOS produzidos pela "TV INTERATIVA", postados até agora... no "YouTube", basta VOCÊ dar um CLIQUE aqui: http://www.youtube.com/profile?user=tvinterativabd#grid/uploads


Abraços à TODA competente e prestimosa equipe da "TV INTERATIVA", especialmente ao amigo e ex-colega da "Rádio ATIVA FM", o competente DÊNIS PEREIRA.

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ENTREVISTA ESPECIAL: JOSH SIMPSON, VETERANO DA GUERRA DO IRAQUE - DIZ TAXATIVAMENTE - "VENEZUELA É O ÚNICO LUGAR NO MUNDO AONDE HÁ OTIMISMO"



E N T R E V I S T A


E S P E C I A L



JOSH SIMPSON, VETERANO DA GUERRA DO IRAQUE: "VENEZUELA É O ÚNICO LUGAR NO MUNDO AONDE HÁ OTIMISMO"

Esta entrevista se realizou durante a primeira visita a Venezuela dos ex-soldados estadounidenses Josh Simpson* e Benji Lewis*, ex-combatentes na guerra do Iraque. Ambos formam parte da delegação anti-guerra, pró-paz da Coalizão de Solidariedade Portland da América Latina.

Eva Golinger (EG): por que se uniram às forças armadas nos EUA?

Josh: Eu estava interessado na história, em um sentido patriótico, a Segunda guerra mundial, Vietnam.

EG: Uma visão romântica?

Josh: Sim, inclusive Vietnam, eu pensei que era algo de uma vez. Não sabia de participação da CIA na América Latina - isso é comum, a maioria das pessoas nos EUA não sabem essas coisas, especialmente quando tem 17. Também terminei me unindo ao exército por razões econômicas. Inscrevi-me em julho de 2001 e estive em treinamento básico quando ocorreu em 11 de setembro, e tudo mudou.

EG: O que pensou?

Josh: Estava nervoso mas emocionado. Tinha-me inscrito nas forças armadas justo quando algo grande na história estava acontecendo. Eu não entendia por que em 11/09 tinha passado, por que fomos atacados. Suponho que a gente só nos odiavam por ser norte americanos. Se tinha que ir à guerra para defender a meu país estava totalmente preparado para fazê-lo. Não terminei indo ao Afeganistão porque estava na brigada de segundo ataque, assim quando terminei de ir ao Iraque já estava contra a guerra. Hoje acredito que todas as guerras são imperialistas, mas nesse então ainda quando não apoiava a guerra, tinha dito ir porque tinha que ir e não sabia que haviam pessoas que resistiam.

EG: Refere aos soldados resistindo ou às pessoas contra a guerra?

Josh: Eu não sabia que havia um movimento anti-guerra. Eu estava no deserto de Califórnia em uma base militar, e no exército, nunca soubemos que nos EUA havia uma oposição enorme à guerra, os meios de comunicação não a cobriram. Acredito que houve enganos táticos cometidos nos EUA pelo movimento contra a guerra, se a gente tivesse detido os envios militares em lugar de só partir nas ruas, se a gente tivesse bloqueado as vias da ferrovia e os portos, esta guerra não teria começado.

EG: Benji, quando e porquê te inscreveu nas forças armadas do EUA?

Benji: Venho de uma família de militares. Senti-me animado por minha mãe e meu pai a me inscrever. Uni-me ao exército para ajudar às pessoas. Entrei a Infantaria de Marinha em março de 2003. Tinha 17 anos e meio. Uma vez que me inscrevi me dava conta de que era uma má idéia e pensei: o que tenho feito?

EG: Quando começou a guerra?

Benji: Quando estava em bootcamp, a invasão estava acontecendo, víamos vídeo clipes da guerra com música heavy metal (rock pesado). Antes de cada classe em bootcamp se mostrava vídeos de pessoas recebendo disparos, mortos, com música heavy metal. Logo quando invadíamos a Faluya, as unidades de operações psicológicas não estavam assinalando à população da Faluya, estavam apontando a nós mesmos, tocando a mesma música, como o fizeram em bootcamp. Ficou claro para mim que a doutrinação militar é muito mais profundo do que parece ser na superfície.

EG: Josh, Quando foi ao Iraque,?

Josh: Setembro 2004-setembro 2005.

EG: O que pensou quando foi ali?

Josh: Eu estava contra a guerra, mas ao mesmo tempo imaginava que já a tínhamos começado, assim devíamos levá-la a cabo e ajudar a reconstruir ao país. Era difícil pensar a respeito. Eu estava a cargo dos interrogatórios no Iraque. Eu estava no Mosul, Iraque. No Iraque, o 95% das pessoas detidas e interrogadas eram inocentes. Os interrogatórios agitavam à população em seu contrário. Se eles não eram terroristas ou insurgentes quando eram detidos, seriam-no depois! A razão pela qual o 95% são inocentes e que sigam detidos se deve à forma de medir o êxito no Iraque, ao contrário que no Vietnam, onde foi uma recontagem de cadáveres, apóia-se no número de detidos. Não importa se forem mulheres ou meninos ou inocentes. Não participei da tortura física nem em golpear aos detidos. Mas participei da tortura psicológica.

EG: Mas sabia que a tortura ocorreu?

JS: Vi as vítimas da tortura. Morado-los e golpes por todo o corpo vinham de algum lugar. Enviaríamos aos detidos ao exército iraquiano que estava trabalhando conosco e eles executariam as torturas por nós.

EG: Benji, Você estava na Faluya durante o escândalo do Blackwater?

Benji: Imediatamente depois. Fui enviado a Faluya e a emoção foi porque era justo depois do escândalo do Blackwater e estávamos em uma missão de vingança. Ninguém nos disse o que tinha acontecido, salvo que os cidadãos do EUA tinham sido assassinados pela insurgencia iraquiano na Faluya. Assim estava emocionado porque ia ser em uma unidade de morteiros e seria capaz de fazer o que estava treinado para fazer, íamos utilizar nossos morteiros. Pensamos que íamos a Faluya para neutralizar uma insurreição, mas não nos disseram que toda a cidade já tinha sido bombardeada pelos EUA durante uma semana e que um terço da população já tinha sido deslocada ou assassinada. Não sabia. Nos dizia que isto era uma missão de vingança, não sabíamos que os que tinham morrido eram mercenários do Blackwater, disseram-nos que eram cidadãos dos EUA. Vários batalhões de infantaria de marinha se desdobraram sobre a cidade desde cada ângulo. A cidade estava sitiada. Havia milhares de nós para assaltar a esta cidade. Rodeamo-los e cortamos a eletricidade e a água, bombardeamos inclusive as mesquitas.

EG: O exército não dava aos soldados algum tipo de informação?

Benji: Ganhar nos corações e mentes, é uma duplo retórica. Tem que controlar primeiro os corações e as mentes das tropas para cometer essas atrocidades antes de enviá-los à guerra. Tem que lhes mentir, de outra maneira não se pode lutar este tipo de guerras.

EG: Como percebem a resistência do povo Iraquiano?

Josh: Eles eram terroristas, radicais, fundamentalistas islâmicos, não pessoas que lutam por seu país, isso é o que nos disseram.

Benji: A doutrinação militar é tão sofisticada - inclusive é isolado dos membros de seu próprio batalhão, não se pode fazer perguntas, quão único importa é te proteger a ti e a seu batalhão. Não há política. O primeiro que se aprende é não questionar, guardar seus pensamentos para ti mesmo.

EG: Não sabia que era uma guerra pelo petróleo?

Benji: A única razão pela que estas ali é para proteger à pessoa que está a sua esquerda e a sua direita. Todo mundo sabia sobre o petróleo, mas sua única missão é permanecer com vida e manter a seus amigos com vida.

Josh: Acredita que está ajudando aos iraquianos. Isso é o que lhe dizem.

EG: por que deixou o exército?

Josh: Estive de serviço ativo durante 5 anos, então me inscrevi por outros 3 anos como reservista. Eu não queria voltar para o Iraque. Disseram-me que se alguém se inscrevia na reserva se podia obter um bom bônus e não lhe desdobrariam durante dois anos. Fui ingênuo ao pensar que a guerra no Iraque teria terminado em dois anos.

EG: por que inscrever-se na reserva e treinar pessoas para ir à guerra no Iraque se estava contra a guerra?

Josh: Justificava-o pensando que as mantinha a salvo as treinando bem. Tinham que ir de todas formas. Mas chegou um momento em que não podia me olhar mais no espelho, estava aborrecido comigo mesmo. Basicamente estava apanhado em um dilema moral. Quero estar orgulhoso de meus atos, orgulhoso do que estou fazendo, mas, honestamente, não o estava. Comecei a universidade ao mesmo tempo. Estudava economia política na Universidade do Evergreen, aprendendo sobre o imperialismo dos EUA

EG: A gente em sua classe sabia que estava no exército? O que lhe disseram?

Josh: Sim, mas a gente sabia que me opunha à guerra.

Benji: A campanha de "apóio às tropas" tinha trocado a percepção de todos. A campanha foi desenhada para permitir a aceitação indireta da guerra.

Josh: A gente tem medo de criticar às tropas, considera-se a blasfêmia maior do mundo. Ao mesmo tempo, se nunca lhe criticarem, nunca saberá que o que está fazendo está mau.

Mas tem que criticá-los, porque eles dizem que simplesmente estão seguindo ordens, mas essas são mentiras, os nazistas também estavam cumprindo ordens. O ensino militar do EUA é fascista, é basicamente cego, obediência incondicional. Logo tratam de dizer que a obediência cega é uma forma de coragem e valentia. É muito mais fácil ir corrente que em seu contrário. Enquanto estava no Evergreen aprendi algo diferente ao que me disseram no exército. Cheguei ao ponto em que moralmente não podia somente me opor à guerra, tampouco podia estar nas forças armadas treinando aos soldados para ir matar a outras pessoas em uma guerra racista. Disseram-me que em janeiro de 2008 ia ser desdobrado no Iraque e decidi que não ia voltar. Já estava falando contra a guerra e estava construindo barricadas nas ruas da Olimpia para bloquear os envios de equipes militares pelos portos dos EUA ao Iraque, e pela primeira vez senti que estava lutando por algo no que eu realmente acreditava. Faz-me chorar pensar nisto. Estive no exército por cinco anos e nunca tive a oportunidade de lutar por algo que eu acreditasse. O fato de que finalmente estivesse lutando por algo no que eu acreditava, contra a guerra, foi uma grande sensação. Uni-me ao grupo Veteranos do Iraque Contra a Guerra e outros grupos de resistência contra a guerra. Ajudei a criar a "GI coffee house", "Coffee Strong" para os militares do Forte Lewis, para lhes servir café e tentar lhes organizar contra a guerra.

EG: Benji, por que deixou o exército?

Benji: depois de minha primeira excursão no Iraque estava desiludido e depois de meu segundo desdobramento era evidente. Referimos a nós mesmos como ocupantes. Quando voltei da segunda gira eu estava convencido de que não ia voltar para o Iraque. Ofereci-me para ser um instrutor de combate urbano. Treinei vários batalhões de combate urbano e uma de minhas equipes terminou na Haditha, massacrando a centenas de inocentes iraquianos em um exercício de 3 dias. Isso está em minha consciência e é muito triste. A gente na Infantaria de Marinha se mete cocaína antes dos exercícios da manhã, a situação está grave. Depois de um ano, decidi que não queria voltar para o Iraque. Não tinha idéia de que houvesse um movimento de resistência. Ao sair, quer deixar tudo detrás de ti. Não quer pensar nisso, não quer recordá-lo, só quer levar uma vida pequena e tranqüila.

Benji: Mudei a Oregon e me reuni com a gente de Veteranos pela Paz. Inteirei-me de que não tem que voltar, pode resistir. Uni a Coragem para Resistir e comecei a ampliar meu trabalho e a falar contra as guerras no Afeganistão e Iraque.

EG: por que vieram a Venezuela?

Benji: América do Sul está em condições de resistir o colapso econômico nos EUA. Também temos planos para criar uma rede de segurança para os amigos e pessoas nos EUA em caso de que os EUA se converta em um estado policial maior. Se houver uma guerra maior por vir no planeta a gente tem que escolher um lado e este é o lado no que quero estar.

Josh: Venezuela é o único lugar no mundo onde há otimismo. Este país se está movendo na direção correta. Na Venezuela se está fazendo uma grande quantidade de trabalho.

EG: O que lhe diria ao povo venezuelano a respeito da presença militar do EUA na Colômbia?

Josh: Que estejam preparados. As tropas populares são o meio mais eficaz para dissuadir aos EUA, está funcionando no Iraque e Afeganistão. As pessoas com fuzis podem manter-se para sempre. Não vão ser capazes de derrotar aos militares do EUA com tanques e aviões, porque eles têm mais que todos os países do mundo combinados. Estejam à altura da crença, Socialismo ou Morte! O capitalismo está em uma estado de deterioração importante e vai reagir com violência. Entretanto temos que lutar de qualquer maneira. Se a Venezuela é atacada, e há uma brigada Abraham Lincoln para defender a Venezuela, eu viria aqui em um batimento do coração.

Benji: Para mim é óbvio que os EUA estão abrindo fogo contra Latinoamerica. Latinoamerica é uma grande recurso para os EUA, é tudo o que vêem, vêem às pessoas como uma moléstia. A única coisa em que os EUA é bom é em invadir outros países, essa é a única exportação que ainda têm, a invasão.

Josh: É a guerra que nunca termina.


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Fonte: Rádio Nacional de Venezuela



Josh Simpson, 27 anos, foi Sargento da Divisão da Contrainteligencia do Exército dos EUA. Esteve a cargo dos interrogatórios no Mosul, Iraque desde 2004-2005. Suas ações resultaram indiretamente na morte de centenas de iraquianos. Hoje em dia, Josh é o presidente do Capítulo do Fort Lewis de Veteranos do Iraque Contra a Guerra e é Co-fundador de "Café Forte", um café para os soldados do Forte Lewis que pretende mobilizar aos soldados contra a guerra. Josh obteve sua Licenciatura em Economia Política na Universidade do Evergreen em 2008 e está levando a cabo uma Mestria na Docencia da mesma instituição. Fala por todos os EUA contra a guerra e o imperialismo e é altamente ativo no bloqueio dos envios militares que saem dos EUA como uma forma de resistência à ação direta da guerra.

* Benji Lewis, 24 anos, é um ex-soldado de Infantaria de Marinha que fez dois turnos no Iraque, ambos a Faluya de 2004 a 2005. Seus morteiros M-16 mataram a mais de 500 pessoas na Faluya durante um período de três meses. Hoje em dia, Benji é um aberto opositor à guerra, ativista contra o Império em Oregon. Ele é um membro de Veteranos do Iraque Contra a Guerra e Corage de Resistir. Fala por todos os EUA contra a guerra e organiza aos soldados para resistir a seu desdobramento no Iraque e Afeganistão. Benji está estudando Literatura Inglesa e Filosofia no Lynn-Benton Community College no Corvallis, Oregon e tem planos de aprender espanhol.

ENTREVISTA ESPECIAL: JOSH SIMPSON, VETERANO DA GUERRA DO IRAQUE - DIZ TAXATIVAMENTE - "VENEZUELA É O ÚNICO LUGAR NO MUNDO AONDE HÁ OTIMISMO"



E N T R E V I S T A


E S P E C I A L



JOSH SIMPSON, VETERANO DA GUERRA DO IRAQUE: "VENEZUELA É O ÚNICO LUGAR NO MUNDO AONDE HÁ OTIMISMO"

Esta entrevista se realizou durante a primeira visita a Venezuela dos ex-soldados estadounidenses Josh Simpson* e Benji Lewis*, ex-combatentes na guerra do Iraque. Ambos formam parte da delegação anti-guerra, pró-paz da Coalizão de Solidariedade Portland da América Latina.

Eva Golinger (EG): por que se uniram às forças armadas nos EUA?

Josh: Eu estava interessado na história, em um sentido patriótico, a Segunda guerra mundial, Vietnam.

EG: Uma visão romântica?

Josh: Sim, inclusive Vietnam, eu pensei que era algo de uma vez. Não sabia de participação da CIA na América Latina - isso é comum, a maioria das pessoas nos EUA não sabem essas coisas, especialmente quando tem 17. Também terminei me unindo ao exército por razões econômicas. Inscrevi-me em julho de 2001 e estive em treinamento básico quando ocorreu em 11 de setembro, e tudo mudou.

EG: O que pensou?

Josh: Estava nervoso mas emocionado. Tinha-me inscrito nas forças armadas justo quando algo grande na história estava acontecendo. Eu não entendia por que em 11/09 tinha passado, por que fomos atacados. Suponho que a gente só nos odiavam por ser norte americanos. Se tinha que ir à guerra para defender a meu país estava totalmente preparado para fazê-lo. Não terminei indo ao Afeganistão porque estava na brigada de segundo ataque, assim quando terminei de ir ao Iraque já estava contra a guerra. Hoje acredito que todas as guerras são imperialistas, mas nesse então ainda quando não apoiava a guerra, tinha dito ir porque tinha que ir e não sabia que haviam pessoas que resistiam.

EG: Refere aos soldados resistindo ou às pessoas contra a guerra?

Josh: Eu não sabia que havia um movimento anti-guerra. Eu estava no deserto de Califórnia em uma base militar, e no exército, nunca soubemos que nos EUA havia uma oposição enorme à guerra, os meios de comunicação não a cobriram. Acredito que houve enganos táticos cometidos nos EUA pelo movimento contra a guerra, se a gente tivesse detido os envios militares em lugar de só partir nas ruas, se a gente tivesse bloqueado as vias da ferrovia e os portos, esta guerra não teria começado.

EG: Benji, quando e porquê te inscreveu nas forças armadas do EUA?

Benji: Venho de uma família de militares. Senti-me animado por minha mãe e meu pai a me inscrever. Uni-me ao exército para ajudar às pessoas. Entrei a Infantaria de Marinha em março de 2003. Tinha 17 anos e meio. Uma vez que me inscrevi me dava conta de que era uma má idéia e pensei: o que tenho feito?

EG: Quando começou a guerra?

Benji: Quando estava em bootcamp, a invasão estava acontecendo, víamos vídeo clipes da guerra com música heavy metal (rock pesado). Antes de cada classe em bootcamp se mostrava vídeos de pessoas recebendo disparos, mortos, com música heavy metal. Logo quando invadíamos a Faluya, as unidades de operações psicológicas não estavam assinalando à população da Faluya, estavam apontando a nós mesmos, tocando a mesma música, como o fizeram em bootcamp. Ficou claro para mim que a doutrinação militar é muito mais profundo do que parece ser na superfície.

EG: Josh, Quando foi ao Iraque,?

Josh: Setembro 2004-setembro 2005.

EG: O que pensou quando foi ali?

Josh: Eu estava contra a guerra, mas ao mesmo tempo imaginava que já a tínhamos começado, assim devíamos levá-la a cabo e ajudar a reconstruir ao país. Era difícil pensar a respeito. Eu estava a cargo dos interrogatórios no Iraque. Eu estava no Mosul, Iraque. No Iraque, o 95% das pessoas detidas e interrogadas eram inocentes. Os interrogatórios agitavam à população em seu contrário. Se eles não eram terroristas ou insurgentes quando eram detidos, seriam-no depois! A razão pela qual o 95% são inocentes e que sigam detidos se deve à forma de medir o êxito no Iraque, ao contrário que no Vietnam, onde foi uma recontagem de cadáveres, apóia-se no número de detidos. Não importa se forem mulheres ou meninos ou inocentes. Não participei da tortura física nem em golpear aos detidos. Mas participei da tortura psicológica.

EG: Mas sabia que a tortura ocorreu?

JS: Vi as vítimas da tortura. Morado-los e golpes por todo o corpo vinham de algum lugar. Enviaríamos aos detidos ao exército iraquiano que estava trabalhando conosco e eles executariam as torturas por nós.

EG: Benji, Você estava na Faluya durante o escândalo do Blackwater?

Benji: Imediatamente depois. Fui enviado a Faluya e a emoção foi porque era justo depois do escândalo do Blackwater e estávamos em uma missão de vingança. Ninguém nos disse o que tinha acontecido, salvo que os cidadãos do EUA tinham sido assassinados pela insurgencia iraquiano na Faluya. Assim estava emocionado porque ia ser em uma unidade de morteiros e seria capaz de fazer o que estava treinado para fazer, íamos utilizar nossos morteiros. Pensamos que íamos a Faluya para neutralizar uma insurreição, mas não nos disseram que toda a cidade já tinha sido bombardeada pelos EUA durante uma semana e que um terço da população já tinha sido deslocada ou assassinada. Não sabia. Nos dizia que isto era uma missão de vingança, não sabíamos que os que tinham morrido eram mercenários do Blackwater, disseram-nos que eram cidadãos dos EUA. Vários batalhões de infantaria de marinha se desdobraram sobre a cidade desde cada ângulo. A cidade estava sitiada. Havia milhares de nós para assaltar a esta cidade. Rodeamo-los e cortamos a eletricidade e a água, bombardeamos inclusive as mesquitas.

EG: O exército não dava aos soldados algum tipo de informação?

Benji: Ganhar nos corações e mentes, é uma duplo retórica. Tem que controlar primeiro os corações e as mentes das tropas para cometer essas atrocidades antes de enviá-los à guerra. Tem que lhes mentir, de outra maneira não se pode lutar este tipo de guerras.

EG: Como percebem a resistência do povo Iraquiano?

Josh: Eles eram terroristas, radicais, fundamentalistas islâmicos, não pessoas que lutam por seu país, isso é o que nos disseram.

Benji: A doutrinação militar é tão sofisticada - inclusive é isolado dos membros de seu próprio batalhão, não se pode fazer perguntas, quão único importa é te proteger a ti e a seu batalhão. Não há política. O primeiro que se aprende é não questionar, guardar seus pensamentos para ti mesmo.

EG: Não sabia que era uma guerra pelo petróleo?

Benji: A única razão pela que estas ali é para proteger à pessoa que está a sua esquerda e a sua direita. Todo mundo sabia sobre o petróleo, mas sua única missão é permanecer com vida e manter a seus amigos com vida.

Josh: Acredita que está ajudando aos iraquianos. Isso é o que lhe dizem.

EG: por que deixou o exército?

Josh: Estive de serviço ativo durante 5 anos, então me inscrevi por outros 3 anos como reservista. Eu não queria voltar para o Iraque. Disseram-me que se alguém se inscrevia na reserva se podia obter um bom bônus e não lhe desdobrariam durante dois anos. Fui ingênuo ao pensar que a guerra no Iraque teria terminado em dois anos.

EG: por que inscrever-se na reserva e treinar pessoas para ir à guerra no Iraque se estava contra a guerra?

Josh: Justificava-o pensando que as mantinha a salvo as treinando bem. Tinham que ir de todas formas. Mas chegou um momento em que não podia me olhar mais no espelho, estava aborrecido comigo mesmo. Basicamente estava apanhado em um dilema moral. Quero estar orgulhoso de meus atos, orgulhoso do que estou fazendo, mas, honestamente, não o estava. Comecei a universidade ao mesmo tempo. Estudava economia política na Universidade do Evergreen, aprendendo sobre o imperialismo dos EUA

EG: A gente em sua classe sabia que estava no exército? O que lhe disseram?

Josh: Sim, mas a gente sabia que me opunha à guerra.

Benji: A campanha de "apóio às tropas" tinha trocado a percepção de todos. A campanha foi desenhada para permitir a aceitação indireta da guerra.

Josh: A gente tem medo de criticar às tropas, considera-se a blasfêmia maior do mundo. Ao mesmo tempo, se nunca lhe criticarem, nunca saberá que o que está fazendo está mau.

Mas tem que criticá-los, porque eles dizem que simplesmente estão seguindo ordens, mas essas são mentiras, os nazistas também estavam cumprindo ordens. O ensino militar do EUA é fascista, é basicamente cego, obediência incondicional. Logo tratam de dizer que a obediência cega é uma forma de coragem e valentia. É muito mais fácil ir corrente que em seu contrário. Enquanto estava no Evergreen aprendi algo diferente ao que me disseram no exército. Cheguei ao ponto em que moralmente não podia somente me opor à guerra, tampouco podia estar nas forças armadas treinando aos soldados para ir matar a outras pessoas em uma guerra racista. Disseram-me que em janeiro de 2008 ia ser desdobrado no Iraque e decidi que não ia voltar. Já estava falando contra a guerra e estava construindo barricadas nas ruas da Olimpia para bloquear os envios de equipes militares pelos portos dos EUA ao Iraque, e pela primeira vez senti que estava lutando por algo no que eu realmente acreditava. Faz-me chorar pensar nisto. Estive no exército por cinco anos e nunca tive a oportunidade de lutar por algo que eu acreditasse. O fato de que finalmente estivesse lutando por algo no que eu acreditava, contra a guerra, foi uma grande sensação. Uni-me ao grupo Veteranos do Iraque Contra a Guerra e outros grupos de resistência contra a guerra. Ajudei a criar a "GI coffee house", "Coffee Strong" para os militares do Forte Lewis, para lhes servir café e tentar lhes organizar contra a guerra.

EG: Benji, por que deixou o exército?

Benji: depois de minha primeira excursão no Iraque estava desiludido e depois de meu segundo desdobramento era evidente. Referimos a nós mesmos como ocupantes. Quando voltei da segunda gira eu estava convencido de que não ia voltar para o Iraque. Ofereci-me para ser um instrutor de combate urbano. Treinei vários batalhões de combate urbano e uma de minhas equipes terminou na Haditha, massacrando a centenas de inocentes iraquianos em um exercício de 3 dias. Isso está em minha consciência e é muito triste. A gente na Infantaria de Marinha se mete cocaína antes dos exercícios da manhã, a situação está grave. Depois de um ano, decidi que não queria voltar para o Iraque. Não tinha idéia de que houvesse um movimento de resistência. Ao sair, quer deixar tudo detrás de ti. Não quer pensar nisso, não quer recordá-lo, só quer levar uma vida pequena e tranqüila.

Benji: Mudei a Oregon e me reuni com a gente de Veteranos pela Paz. Inteirei-me de que não tem que voltar, pode resistir. Uni a Coragem para Resistir e comecei a ampliar meu trabalho e a falar contra as guerras no Afeganistão e Iraque.

EG: por que vieram a Venezuela?

Benji: América do Sul está em condições de resistir o colapso econômico nos EUA. Também temos planos para criar uma rede de segurança para os amigos e pessoas nos EUA em caso de que os EUA se converta em um estado policial maior. Se houver uma guerra maior por vir no planeta a gente tem que escolher um lado e este é o lado no que quero estar.

Josh: Venezuela é o único lugar no mundo onde há otimismo. Este país se está movendo na direção correta. Na Venezuela se está fazendo uma grande quantidade de trabalho.

EG: O que lhe diria ao povo venezuelano a respeito da presença militar do EUA na Colômbia?

Josh: Que estejam preparados. As tropas populares são o meio mais eficaz para dissuadir aos EUA, está funcionando no Iraque e Afeganistão. As pessoas com fuzis podem manter-se para sempre. Não vão ser capazes de derrotar aos militares do EUA com tanques e aviões, porque eles têm mais que todos os países do mundo combinados. Estejam à altura da crença, Socialismo ou Morte! O capitalismo está em uma estado de deterioração importante e vai reagir com violência. Entretanto temos que lutar de qualquer maneira. Se a Venezuela é atacada, e há uma brigada Abraham Lincoln para defender a Venezuela, eu viria aqui em um batimento do coração.

Benji: Para mim é óbvio que os EUA estão abrindo fogo contra Latinoamerica. Latinoamerica é uma grande recurso para os EUA, é tudo o que vêem, vêem às pessoas como uma moléstia. A única coisa em que os EUA é bom é em invadir outros países, essa é a única exportação que ainda têm, a invasão.

Josh: É a guerra que nunca termina.


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Fonte: Rádio Nacional de Venezuela



Josh Simpson, 27 anos, foi Sargento da Divisão da Contrainteligencia do Exército dos EUA. Esteve a cargo dos interrogatórios no Mosul, Iraque desde 2004-2005. Suas ações resultaram indiretamente na morte de centenas de iraquianos. Hoje em dia, Josh é o presidente do Capítulo do Fort Lewis de Veteranos do Iraque Contra a Guerra e é Co-fundador de "Café Forte", um café para os soldados do Forte Lewis que pretende mobilizar aos soldados contra a guerra. Josh obteve sua Licenciatura em Economia Política na Universidade do Evergreen em 2008 e está levando a cabo uma Mestria na Docencia da mesma instituição. Fala por todos os EUA contra a guerra e o imperialismo e é altamente ativo no bloqueio dos envios militares que saem dos EUA como uma forma de resistência à ação direta da guerra.

* Benji Lewis, 24 anos, é um ex-soldado de Infantaria de Marinha que fez dois turnos no Iraque, ambos a Faluya de 2004 a 2005. Seus morteiros M-16 mataram a mais de 500 pessoas na Faluya durante um período de três meses. Hoje em dia, Benji é um aberto opositor à guerra, ativista contra o Império em Oregon. Ele é um membro de Veteranos do Iraque Contra a Guerra e Corage de Resistir. Fala por todos os EUA contra a guerra e organiza aos soldados para resistir a seu desdobramento no Iraque e Afeganistão. Benji está estudando Literatura Inglesa e Filosofia no Lynn-Benton Community College no Corvallis, Oregon e tem planos de aprender espanhol.

Pois é... parece-me que vai acabar dando 'BODE': Procurador-geral vai ao "STF - Supremo Tribunal Federal" contra "PEC dos VEREADORES"!!!

Tô achando que vai acabar dando "BODE" na "PEC dos VEREADOES"!
( Para visualizar AMPLIADO dê um CLIQUE na imagem )




Jornal "Folha de S.Paulo", São Paulo-SP, quarta-feira, 30 de setembro de 2009.



JUSTIÇA



Procurador-geral vai ao

STF contra PEC dos vereadores



DA SUCURSAL DE BRASÍLIA




O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, contestou ontem no STF (Supremo Tribunal Federal) a emenda constitucional que elevou o número de vereadores e possibilitou a sua validade para a eleição passada.Gurgel questiona o ponto da emenda que permitiu a posse de políticos que não conseguiram se eleger no pleito de 2008. Graças à nova norma, os primeiros suplentes já foram empossados.Segundo a ação direta de inconstitucionalidade proposta pela Procuradoria-Geral da República, isso fere o "pleno exercício da cidadania popular", pois os vereadores que tomarem posse não foram legitimamente eleitos. A relatora do caso será a ministra Cármen Lúcia.A norma, diz Gurgel, causa "instabilidade institucional absolutamente conflitante com os compromissos democráticos" da Constituição e que "revira procedimento público de decisão, tomada pelo povo em sufrágio".Promulgada na semana passada, a emenda criou 7.709 vagas de vereador, mas ainda há dúvidas sobre a sua validade imediata.

Pois é... parece-me que vai acabar dando 'BODE': Procurador-geral vai ao "STF - Supremo Tribunal Federal" contra "PEC dos VEREADORES"!!!

Tô achando que vai acabar dando "BODE" na "PEC dos VEREADOES"!
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Jornal "Folha de S.Paulo", São Paulo-SP, quarta-feira, 30 de setembro de 2009.



JUSTIÇA



Procurador-geral vai ao

STF contra PEC dos vereadores



DA SUCURSAL DE BRASÍLIA




O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, contestou ontem no STF (Supremo Tribunal Federal) a emenda constitucional que elevou o número de vereadores e possibilitou a sua validade para a eleição passada.Gurgel questiona o ponto da emenda que permitiu a posse de políticos que não conseguiram se eleger no pleito de 2008. Graças à nova norma, os primeiros suplentes já foram empossados.Segundo a ação direta de inconstitucionalidade proposta pela Procuradoria-Geral da República, isso fere o "pleno exercício da cidadania popular", pois os vereadores que tomarem posse não foram legitimamente eleitos. A relatora do caso será a ministra Cármen Lúcia.A norma, diz Gurgel, causa "instabilidade institucional absolutamente conflitante com os compromissos democráticos" da Constituição e que "revira procedimento público de decisão, tomada pelo povo em sufrágio".Promulgada na semana passada, a emenda criou 7.709 vagas de vereador, mas ainda há dúvidas sobre a sua validade imediata.